Epilepsia: o que deve saber para reconhecer uma crise e prestar ajuda
A epilepsia é um distúrbio neurológico crónico que afeta milhares de pessoas em Portugal e em todo o mundo. Resulta de descargas elétricas anormais nos neurónios, que provocam crises súbitas e repetitivas. Embora possa surgir em qualquer idade, as causas e a forma como se manifesta variam consoante a fase da vida e o tipo de epilepsia.
O que causa a epilepsia?
Em cerca de metade dos casos, a causa é desconhecida. Nos restantes, pode estar associada a fatores estruturais, genéticos, infeciosos, metabólicos ou imunológicos.
As causas também diferem por faixa etária:
- Recém-nascidos e crianças: fatores genéticos ou lesões precoces;
- Adultos: traumatismos cranianos, AVC ou tumores cerebrais;
- Idosos: o AVC é a principal causa identificada.
O diagnóstico é feito com base na história clínica detalhada, no exame neurológico e em exames complementares, como o eletroencefalograma (EEG) e a ressonância magnética, que permitem confirmar o tipo de epilepsia e definir o tratamento mais adequado.
Seguindo corretamente o tratamento, até 70% das pessoas com epilepsia podem levar uma vida plena e ativa.
Sinais de alerta e tipos de crises
As crises epiléticas variam de pessoa para pessoa — nem todas as crises são iguais, nem os fatores desencadeantes são universais. Entre os sinais mais comuns estão:
- Alteração do estado de consciência;
- Movimentos musculares descontrolados;
- Quedas súbitas;
- Episódios de confusão ou ausência momentânea.
Nas chamadas crises generalizadas, a pessoa perde a consciência, pode cair ao chão e apresentar movimentos involuntários ou espasmos.
O que fazer quando alguém tem uma crise de epilepsia?
Assistir a uma crise pode ser angustiante, mas manter a calma e saber o que fazer é essencial para proteger quem está a sofrer o episódio.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Neurologia e a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, recomenda-se:
Durante a crise:
- Mantenha a calma
- Afaste objetos com os quais a pessoa se possa magoar
- Coloque algo macio debaixo da cabeça (como um casaco)
- Não tente segurar a pessoa (pode causar lesões)
- Nunca introduza nada na boca (há risco de ferimentos ou de partir dentes)
- Se possível, após a convulsão, coloque a pessoa em posição lateral de segurança
- Cronometre a duração da crise — se ultrapassar 5 minutos, ligue para o 112.
Após a crise, a pessoa pode ficar confusa ou sonolenta. Permita que descanse e recupere, e mantenha-se ao lado até à recuperação total.
Quando procurar ajuda médica?
Qualquer pessoa que apresente crises repetidas ou episódios de perda de consciência inexplicáveis deve procurar avaliação médica, de preferência junto de um neurologista. O diagnóstico precoce e o acompanhamento regular são fundamentais para garantir o controlo das crises e melhorar a qualidade de vida.
Relembramos: a epilepsia é uma condição tratável e controlável. A informação, a compreensão e o apoio da sociedade são fundamentais para reduzir o estigma e melhorar a resposta em situações de crise.
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