Narcoplesia: a doença invisível que condiciona vidas — e que muitos ainda desconhecem

Hoje, dia 22 de setembro, assinala-se o Dia Internacional da Narcolepsia: com o objetivo de dar voz a uma condição rara, muitas vezes confundida com preguiça.

A narcolepsia é uma doença neurológica crónica que afeta os mecanismos do cérebro que regulam o sono e a vigília. É rara (afeta cerca de 1 em cada 2.000 pessoas) e começa habitualmente na adolescência ou início da idade adulta.

Em Portugal, a Associação Portuguesa de Sono alerta que o desconhecimento leva a diagnósticos tardios, prejudicando a vida pessoal, escolar e profissional de quem sofre desta condição.

Sinais e sintomas a reconhecer

Se alguém apresenta sonolência extrema e repetida durante o dia, mesmo dormindo de noite, pode ser narcolepsia. Outros sinais importantes:

  • Adormecer subitamente em situações calmas ou mesmo durante atividade (a ver TV, a falar, a trabalhar, etc.)
  • Cataplexia: perda súbita de força muscular (pode ser ligeira — queda da cabeça, fraqueza nas pernas — ou provocar queda completa). Costuma surgir com emoções fortes, positivas (riso) ou negativas (raiva, frustração, susto)
  • Paralisia do sono: incapacidade temporária de se mexer ou falar ao adormecer ou acordar.
  • Alucinações vívidas ao adormecer ou ao despertar
  • Sono noturno fragmentado e sensação de não descansar.

Se estes sintomas ocorrem com frequência, é importante ir a uma consulta de neurologia, para ser diagnosticado e, se necessário, acompanhado.

Estigma e impacto

Muitas pessoas com narcolepsia passam anos sem diagnóstico e são vistas como:

  • “preguiçosas” ou “desmotivadas”
  • com problemas psicológicos
  • pouco empenhadas no trabalho ou na escola.

Este estigma provoca isolamento social, perda de autoestima e dificuldades laborais ou académicas. Reconhecer que se trata de uma doença neurológica, e não de falta de vontade, é essencial.

Diagnóstico

O diagnóstico envolve:

  • avaliação clínica detalhada
  • registo dos padrões de sono
  • polissonografia noturna (estudo do sono)
  • teste de latência múltipla do sono (mede quão rapidamente a pessoa adormece durante o dia).

Em alguns casos mede-se também a hipocretina no líquido cefalorraquidiano para confirmar o tipo de narcolepsia.

Controlo e tratamento

Não existe cura, mas há formas eficazes de reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida:

  • Higiene do sono: horários regulares, ambiente calmo, evitar cafeína e álcool à noite.
  • Pequenas sestas programadas ao longo do dia para reduzir os ataques de sono.
  • Medicação (prescrita por neurologista/medicina do sono): fármacos que promovem a vigília e outros que controlam a cataplexia.
  • Apoio psicológico e adaptação do local de trabalho ou estudo (pausas, horários flexíveis).
  • Medidas de segurança: evitar conduzir ou operar máquinas se houver risco de adormecer.

Um diagnóstico precoce evita acidentes, reduz o sofrimento psicológico e melhora muito a qualidade de vida.

Utilize a ferramenta Pesquisa de Prestadores, para procurar consultas de neurologia e centros de estudo do sono dentro da Rede ADSE.


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